O Mapa da Religião no Brasil: como os brasileiros cuidam de si com práticas integrativas e complementares?

O Mapa da Religião no Brasil: como os brasileiros cuidam de si com práticas integrativas e complementares?

8 de dezembro de 2025

Autor: Gustavo Granjeiro

O que significa se cuidar? Para muita gente, é ir ao médico regularmente, tomar remédios ou fazer exames de rotina. Mas no Brasil, um país marcado pela mistura de tradições e saberes, se cuidar também pode ser acender uma vela, rezar ou tomar um banho de ervas. São práticas que combinam saúde, espiritualidade e tradição – e fazem parte do cotidiano de muitas pessoas.

Mas, afinal, quais são as práticas mais comuns? E será que costumam andar juntas?

Para entender melhor, perguntamos a mais de 2 mil pessoas se já haviam usado alguma das 45 Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS). A lista incluía meditação, reiki, acupuntura, mas também tarot, passes espirituais e uso de plantas medicinais. Depois, usamos uma técnica de análise que identifica quais práticas costumam ser utilizadas em conjunto.

O QUE DESCOBRIMOS
A prática mais comum foi a reza, adotada por 22,2% da amostra. Em seguida vieram passes espirituais (16,2%), plantas medicinais (15,3%), banhos de ervas (15,2%) e meditação (14,9%). Esses números mostram como o cuidado no Brasil mistura fé, tradição e bem-estar.

Mas não é só isso. Também encontramos padrões de concorrência, ou seja, práticas que costumam ser feitas juntas. Para isso, usamos uma técnica que agrupa as práticas com base na frequência com que aparecem combinadas e destacamos no gráfico abaixo as mais comuns para os brasileiros.

Esses agrupamentos revelam estilos distintos de cuidado, com base em afinidades culturais, espirituais ou funcionais. Alguns exemplos:

– Quem acende velas, costuma também fazer defumação e banho de ervas.

– Quem consulta o tarot, muitas vezes também recorre à cartomancia.

– Quem faz oferendas, tende a jogar búzios.

– Quem usa homeopatia costuma fazer acupuntura.

– Quem participa de Terapia Comunitária Integrativa também procura Termalismo ou Crenoterapia.

Essas combinações formam “pacotes de cuidado” que expressam modos de viver o bem-estar em um cuidado integral. Em alguns casos, estão ligadas a tradições religiosas; em outros, a formas de lidar com o sofrimento fora da medicina convencional para aliviar sintomas.

POR QUE ISSO IMPORTA?

Esses dados ajudam a revelar um Brasil onde fé, tradição e cuidado se entrelaçam. Se quisermos construir políticas públicas mais inclusivas, é essencial reconhecer essas formas de abordagens terapêuticas, mesmo que não substituam os tratamentos tradicionais. No fim das contas, cuidar de si é também um gesto de conexão com o meio ambiente e sociedade, algo que dá sentido à vida.

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