Décimo artigo da série que explora o contexto das experiências não-ordinárias no Brasil e como elas impactam nossa população. Todos os dados foram coletados e relacionados a partir de estudos feitos pelo grupo de Neurociência das Crenças e Valores do Instituto D´or de Pesquisa e Ensino.
Autora: Mirta Misailidis
Você já sentiu a presença de algo ou alguém que não estava ali? A sensação de alguma força extraordinária por perto ou, até mesmo, a possível presença de um ente falecido? As famosas Experiências Não Ordinárias, também conhecidas como NOE’s, podem ser classificadas em vários tipos. Um deles é possuir habilidades extraordinárias, como sentir a presença de algo ou alguém. Dados coletados pela versão brasileira do Inventário de Experiências Não-Ordinais (INOE) indicam que mais da metade dos participantes já vivenciou algum tipo de Experiência Não-Ordinária.
Como descrito no artigo 2 da série “Como as experiências não-ordinárias marcam a vida dos brasileiros”, cerca de 60% dessas vivências ocorrem em casa, 38% acontecem quando a pessoa está sozinha e apenas 10% em contextos religiosos. Além disso, aproximadamente 30% das pessoas relatam ter vivenciado alguma sensação de presença.
A IMPORTÂNCIA DOS RELATOS
A busca por explicações sobre o desconhecido e experiências “fora do comum” pode parecer atraente para muitos. E, de fato, a causa desses fenômenos ainda permanece um mistério. Uma das formas de estudar mais a fundo sobre essas ocorrências e buscar uma possível explicação para o acontecimento delas, é através dos relatos.
Ao descreverem suas vivências, as pessoas que já passaram por essas experiências revelam diferentes narrativas, evidenciando a diversidade de sensações dentro de um mesmo grupo.
Especificamente em relação à sensação de presença, foram identificados cinco tipos distintos de relatos. A figura a seguir ilustra a frequência de diferentes tipos de experiência que envolvem a sensação de presença.
OS 5 TIPOS
Essa experiência pode se diferenciar em outros 5 tipos principais, como:
1. Objetos animados:
Compondo 19% das experiências relatadas, pode ser descrita como uma força ou um ser superior contido em imagens, estátuas ou objetos que pareçam ter algum poder especial.
2. Presença de pessoas que já faleceram:
Com frequência de 21.6%, esse fenômeno pode ser descrito como a sensação de presença ou comunicação com uma pessoa falecida, seja diretamente ou com a ajuda de outra pessoa.
3. Orientação:
Sendo a terceira experiência mais comum do grupo de Presença com 41% de frequência de relatos, é descrita como uma sensação em que parecia haver alguma força, energia ou ser extraordinário guiando ou influenciando suas próprias decisões.
4. Presença de algo ou força extraordinária:
41.9% de prevalência, é relatada como a sensação de que seres ou forças extraordinárias estavam ao seu redor. Por exemplo, em lugares específicos, em objetos ou imagens ou a partir da própria intuição ou sensação.
5. Lugares Animados:
Em primeiro lugar, com 44.3% de prevalência, é a sensação de estar em um lugar específico que parecia conter uma presença, força ou poder extraordinário.
POR QUE A SENTEM A PRESENÇA?
Mas o que leva algumas pessoas a sentirem a presença de algo invisível? Seria essa sensação apenas uma ilusão criada pela mente? A professora e pesquisadora da Universidade da Califórnia, Ann Taves, explica que esta ocorrência é moldada por uma combinação de fatores. Em um de seus artigos, ela enfatiza que esses fenômenos são profundamente moldados pelo contexto cultural e pelas avaliações do indivíduo.
A sensação de Presença, como a percepção de “algo invisível”, também é atravessada pelo contexto interpretativo cultural, pelo qual as experiências são compreendidas e recebem significado. Esse fator não apenas molda a interpretação após o fato, mas também influencia as expectativas e as avaliações que ocorrem em tempo real, ditando como essas experiências são percebidas e valorizadas.
Sendo assim, dependendo da situação, a mesma experiência pode ser percebida como um sinal espiritual, uma manifestação religiosa ou, até mesmo, como algo negativo para a saúde mental do indivíduo.
E você, já sentiu algo parecido? Acompanhe os próximos episódios para descobrir mais sobre as novas experiências do INOE!
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