Maurício da Silva Baptista é Professor Titular e Chefe do Departamento de Bioquímica na Universidade de São Paulo (USP), membro da Academia de Ciências do Estado de São Paulo e da diretoria da Sociedade Americana de Fotobiologia (ASP). Ele é um dos autores do artigo “O α-Dicetona Metabólito Metilglioxal Derivado da Glicólise é um Fotossensibilizador de UVA que Causa a Eliminação Fotooxidativa de Queratinócitos HaCaT com Indução da Expressão Gênica de Resposta ao Estresse Oxidativo e Proteotóxico”, publicado no periódico Photochemistry and Photobiology, em 2022.
Resumo: O estresse oxidativo celular contribui para o fotoenvelhecimento da pele induzido pela radiação solar ultravioleta (UV) e fotocarcinogênese. As reações de transferência de energia e elétrons impulsionadas pela luz envolvendo cromóforos não-DNA são uma fonte importante de espécies reativas de oxigênio (EROs) na pele, e a identidade molecular de numerosos cromóforos endógenos que atuam como fotossensibilizadores de UV foi explorada. O metilglioxal (MG), um subproduto glicolítico contendo um α-dicetona-cromóforo ativo contra UV, é gerado sob condições metabólicas de fluxo glicolítico aumentado, associado à adução de proteína pós-translacional em tecido humano. Aqui, realizamos uma caracterização fotofísica e fotoquímica do MG, substanciando suas propriedades de fluorescência (deslocamento Stokes), tempo de vida de fosforescência e rendimento quântico de formação de oxigênio singlete (1O2). Surpreendentemente, após a excitação UV (290 nm), foi observada uma emissão clara – cerca de 490 nm – (tempo de vida da fosforescência: 224,2 milissegundos). Em concentrações micromolares, o MG atua como um fotossensibilizador de UVA direcionado aos queratinócitos humanos (HaCaT), induzindo estresse fotooxidativo e morte celular dependente de caspase, substanciada por zVADfmk-resgate e citometria de fluxo de Alexa-488 caspase-3. A análise transcriptômica indicou que o MG (fotoexcitado por doses não citotóxicas de UVA) desperta alterações de expressão não observáveis em tratamento isolado com MG ou UVA, com regulação positiva da resposta ao estresse proteotóxico (CRYAB, HSPA6) e oxidativo (HMOX1). Dada a origem metabólica do MG e seu papel na patologia humana, futuras investigações devem abordar o potencial envolvimento da atividade fotossensibilizadora do MG no fotodano da pele humana.
Autores: Lohanna de Faria Lopes, Jana Jandova, Rebecca Justiniano, Jessica Perer, Maurício S. Baptista, Georg T. Wondrak.
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